Diretores do Hospital Ana Neri consideraram a primeira cirurgia no garoto "um sucesso"
A cirurgia de retirada de quatro agulhas localizadas no coração e no pulmão do garoto M.S.A., de 2 anos, foi considerada “um sucesso”, segundo os médicos do Hospital Ana Neri que concedaram entrevista coletiva, na manhã deste sábado, 19. Segundo a equipe, formada pelo diretor geral do hospital, Francisco Reis, pelo diretor médico, Roque Aras, e pela coordenadora da cardiopediatria, Isabel Guimarães, a recuperação da criança é considerada “excelente”.
O diretor geral do Hospital Ana Neri afirmou que a segunda cirurgia ainda não tem data definida, mas deverá ser realizada na próxima semana, visto que é necessário retirar algumas agulhas que se encontram na região abdominal do garoto. “Os exames constataram a existência de 31 agulhas, mas nem todas deverão ser retiradas”, informa Reis. Ele disse que uma agulha penetrou na bexiga e em algumas as alças intestinais do aparelho digestivo.
A possibilidade de uma terceira cirurgia na região da coluna também é cogitada pelos médicos. “Vamos avaliar esta intervenção junto com a equipe de cirurgiões, mas o que podemos afirmar, até o momento, é que as agulhas próximas à coluna não estão interferindo no aparelho locomotor do menino”, avisou o diretor médico Roque Aras.
“O paciente reagiu muito bem à cirurgia, respira sem o auxílio de aparelhos e está consciente”, disse Isabel. “Ele continua tomando antibióticos e, até agora, não há indícios de que haverá sequelas”, informou. A médica contou ainda que as próximas 48 horas são críticas e que a criança ainda necessita de cuidados intensivos.
Auxílio psicológico - A coordenadora do Serviço de Psicologia Hospitalar, Vera Lúcia Tamassia, disse que, além da dedicação médica ao paciente de dois anos, a atenção também está voltada para a mãe do garoto, a domésticaMaria Souza Santos, para que ela compreenda o quadro de
saúde do filho.
“Neste momento de pós-operatório é imprescindível o carinho e a atenção de um familiar, que deve estar psicologicamente preparado para enfrentar as adversidades”, disse Vera Lúcia. “A mãe está o tempo todo ao lado do garoto e isto é muito
importante para sua recuperação”.
Na cidade de Ibotirama, localizada a 676 Km de salvador, a avó do menino diz não entender o motivo pelo qual o padrasto, Roberto Carlos Lopes, ter inserido as agulhas em seu neto. Ela contou que o menino chorava quando o homem tentava carregá-lo no colo. "Ele dizia "não chora não filho que eu vou te comprar balinha", lembra a senhora. De acordo com ela, a mãe do menino veio de Ibotirama acompanhada por um médico uma enfermeira.
Os outros cinco filhos de Maria Souza dos Santos, de 14, 13, 12, 5 e 4 anos, estão sob a responsabilidade da avó. “Aqui na cidade todo mundo está comentando o assunto, mas poucas se disponibilizaram a nos ajudar”, conta. Ela diz ainda que uma secretária da escola da neta disse que vai ajudar com uma cesta básica e um celular para
poder se comunicar com minha filha, já que não possui aparelho de telefone. “As coisas aqui são muito difíceis e eu não tenho muitas informações”, disse.
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1316717
O padrasto que enfiou agulhas no corpo do enteado de dois anos, Roberto Carlos Magalhães Lopes, afirmou em depoimento que tentava acalmar a criança durante os rituais de tortura na casa de sua amante com a oferta de doces. “Pare de chorar, Marcinho. Vou comprar balas para você”.
